O bom desempenho do comércio varejista no primeiro semestre mostrou que a demanda interna continua forte neste ano, impulsionada especialmente pelo mercado de trabalho aquecido e pela elevada confiança do consumidor.
No primeiro semestre, as vendas de móveis e eletrodomésticos aumentaram 17,7%, e as de veículos e motos, partes e peças, 12,1%.
O economista Alexandre Andrade, da Tendências Consultoria, diz que o desempenho do varejo no semestre reflete principalmente o bom momento de importantes condicionantes da demanda, em especial o emprego e a renda e a elevada confiança do consumidor.
“A queda dos preços e a estabilidade do emprego têm sido um contraponto às medidas macroprudenciais do governo”, complementa Reinaldo Pereira, gerente da coordenação de serviços e comércio do IBGE.
O economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero, diz que o dólar barato produz dois efeitos: contribui para um enfraquecimento da produção e facilita o aumento do consumo, ao baratear os bens comercializáveis. O resultado é o aumento da distância entre as curvas de crescimento do comércio e da indústria.
Para Andrade, a piora das condições de crédito e a elevação da inadimplência devem contribuir para a desaceleração adicional das vendas no segundo semestre. O eventual agravamento das turbulências no mercado internacional também pode colaborar para um desempenho pior do comércio daqui para frente, principalmente se abalar a confiança do consumidor, acredita ele. Ao mesmo tempo, joga contra a perda de fôlego das vendas a perspectiva de que categorias importantes de trabalhadores, como bancários e petroleiros, tenham reajustes salariais elevados no terceiro trimestre.
Veículo: Valor Econômico