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Pela primeira vez, a classe média do Brasil atingiu 50% da população. O cálculo é do economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas, com base em dados da Pnad 2009 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). No ano anterior, a classe C representava 49,2% da população e, em 1992, 32,5%. A FGV enquadra nesse estrato as famílias com rendas domiciliar de R$ 1.116 a R$ 4.854. Essa nova classe média abarca 94,9 milhões de pessoas, segundo a FGV.
Ainda de acordo com o economista, a renda dos brasileiros mais pobres avançou em ritmo quase três vezes superior ao da dos mais ricos em 2009, quando os 40% mais pobres tiveram ganho de 3,15% e os 10% mais ricos, de 1,09%.
Para Neri, há uma “revolução silenciosa” no país. Depois do Plano Real e da estabililização da economia, houve um aumento do bem-estar da população. Principalmente a partir da década de 1990, a escolaridade avançou e o tamanho das famílias diminuiu. Nos anos 2000, o emprego formal registrou sucessivos recordes e a renda média individual cresceu com mais ímpeto.
Neri afirma que o país caminha para registrar o menor nível de desigualdade desde a década de 1960. “O Brasil apresentou crescimento chinês para os mais pobres (e só para eles) entre 2001 e 2004. Mas, no biênio 2005-06, o crescimento chinês ocorreu para todos os estratos sociais”, disse Neri.
O economista Claudio Dedecca, da Unicamp, também diz que é a primeira vez em décadas que o país vive uma queda da desigualdade em um contexto de recuperação da atividade econômica, de estabilidade e controle da inflação.
“A queda da desigualdade com redução do rendimento médio sinaliza que ao mesmo tempo em que os rendimentos dos estratos inferiores apresentaram trajetória ascendente, se observou estabilidade ou queda dos rendimentos dos estratos superiores”, afirma Dedecca. Segundo ele, essa é uma “fragilidade” da redução da desigualdade no país.
Fonte: Folha de S.Paulo.